Será que estou presumindo que crises são castigos para nós?
Bem, a chamada é sobre a crise, mas meu alvo é discutir o destino.
A crise é indiscutível, pelo menos na cabeça da quase totalidade de profissionais, enquanto seu enfrentamento pode-se dizer, é consenso, todos buscam.
Porém o que considero determinante nessa questão é: como entendemos essa situação?
Muitos a entendem como uma dificuldade adicional, outros como um desafio, outros ainda como uma farsa (uma conspiração) e ainda há os que a entendem como um fato corriqueiro. Pode ser que existam, ainda, outras percepções.
Mas quero salientar que sempre uma situação assim esconde um processo mais amplo e importante. Algo que venho constatando há tempos é que o processo de evolução é gradativo (vejam Darwin), mas em alguns momentos há o que se chama de “ponto de ruptura”, isto é, ocorre um “degrau” na evolução transformando a realidade de maneira mais intensa e exigindo mudanças significativas para essa nova adaptação. Pois é, entendo que estamos nesse momento!
As necessidades e as alternativas de solução sofrem um forte redimensionamento. Precisamos achar novas respostas! Temos que criar o futuro, diferente!
É hora de aplicarmos nosso diferencial e enfrentarmos aquilo que se chama de “dilema do determinismo” – Você constrói o seu futuro ou ele está pronto?
O determinismo é a doutrina que afirma que o homem não é livre para tomar suas decisões por ser totalmente influenciado por acontecimentos anteriores. Tudo está determinado pelos fatos. Tem um ponto importante no determinismo quando afirma que uma grande influencia no comportamento humano está no meio em que se vive, afinal ainda temos muito do instinto animal.
Mas queremos chegar a seguinte questão: existe destino? Está tudo definido?
Voltando á nossa questão inicial: a crise está ai e não há nada a se fazer?
Enfim, como entender um destino traçado e, ainda assim, praticar o livre arbítrio e ser responsável pelas minhas ações?
Não podemos ser inocentes nos considerando livres das influencias do meio ambiente e das pressões do dia a dia. Lógico que reagimos a isso.
Mas precisamos entender melhor o que pode significar tudo isso.
Talvez possa definir que destino deva ser entendido como a estrada que se vai trilhar. Ela pode estar lá, mas o desfecho, esse sim, não é pré-fixado (afinal esta palavra tem o hífen?).
E qual é a tendência da crise? Tendências são possibilidades, não determinações. Indicam índices de probabilidade, mas não é convicção de ocorrência.
Também no Planejamento Estratégico ensinamos que o futuro não é tendência. O futuro depende do que Você quer e faz que seja.
A própria ciência revê seu posicionamento da teoria clássica. Segundo Karl Popper “todo evento é causado por um evento que o precede, de modo que se poderia predizer ou explicar qualquer evento”. – que predispõe a orientação de que o futuro é previsível pela tendência. Essa é a fundamentação da ciência clássica.
Mas hoje se discute a teoria da reversibilidade (teoria do caos) em que sistemas instáveis possibilitam vários caminhos, não previsíveis, nem mesmo na física. Conforme Ilya Prigogine (Premio Novel de Química) “a ciência clássica privilegiava a ordem e a estabilidade, hoje reconhecemos a influencia da instabilidade e da incerteza”. Não há certezas, há probabilidades. Os próprios átomos trabalham com várias possibilidades (probabilidades), mantendo, portanto, o resultado dependente, das escolhas.
Caminhamos por entre escolhas a vida toda. E escolher significa decidir o que vamos perder para continuar, de tal forma que não escolher é uma escolha.
Em suma, a resposta está mais em nós do que nos outros.
Não é fácil enfrentar dificuldades, mas aceitar que não podemos fazer é, também, uma escolha.
Vamos nos lembrar da lei de “causa e efeito”. Somos frutos de nossas ações. E nossas ações dependem de como entendemos cada um desses fatos.
Não precisamos gostar de enfrentar dificuldades ou crises, mas se são inevitáveis vamos aprender com ela.
Como diz Mr. Gyn em sua letra: “A vida não para. Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma. Até quando o corpo pede um pouco mais de alma”.
Ou relembrando Cazuza: “O tempo não para”
Em suma, a Vida não para, e o tempo não para,… mas muda!
Vamos mudar e continuar, sempre!
Bernardo Leite